Track & Field aposta em cidades médias e pequenas para atender consumidor marcado pela pandemia

25 de março de 2021

Track & Field aposta em cidades médias e pequenas para atender consumidor marcado pela pandemia

Márcia De Chiara, O Estado de S.Paulo

23 de março de 2021 | 13h10

Track & Field, rede varejista de moda esportiva, pretende manter neste ano o ritmo de aberturas de lojas de 2020, quando foram inaugurados 35 pontos de venda, a maior marca dos últimos cinco anos. O foco serão cidades de pequeno e médio portes e pontos de vendas na rua. A empresa também planeja um novo centro de distribuição na capital paulista, maior e mais tecnológico, para dar agilidade às entregas das vendas online, que mais que triplicaram no ano passado.

A intenção da companhia, que abriu o capital na Bolsa em outubro e passou por uma profunda digitalização nos últimos meses, é estar cada vez mais próxima do novo consumidor que nasceu com a pandemia – brasileiros de classe média que migraram para cidades do interior e litoral e adotaram um estilo de vida mais saudável.

Segundo Fred Wagner, sócio-fundador da empresa e membro do Conselho de Administração, houve uma mudança drástica no guarda roupa do brasileiro que, trabalhando em casa, passou a usar roupas mais confortáveis. “Nós conseguimos nos posicionar nesse share of closet (parte do armário)”, diz o executivo.

Para isso, a empresa  ampliou a grade de tamanhos para GG e PP, a fim de conquistar pessoas que nunca tinham usado uma roupa esportiva antes, e também aumentou a possibilidade de cores, por exemplo. “Conseguimos capturar isso de forma importante”, diz o executivo.

Fred Wagner, sócio-fundador e membro do Conselho de Administração da Track & Field. Foto: Track & Field/Divulgação

Esse resultado apareceu  no último trimestre do ano passado, quando a empresa mais que dobrou o  lucro líquido ajustado, de R$ 10,3 milhões entre outubro e dezembro de 2019 para R$ 22 milhões no mesmo período de 2020. No ano inteiro de 2020, o lucro líquido ajustado foi de R$ 29 milhões, uma cifra 20,2% menor do que em 2019. A maior fatia desse resultado foi atingida no último trimestre de 2020, quando 98% das lojas da rede estavam abertas.

Fernando Tracanella, diretor financeiro, ressalta que, apesar das adversidades do ano de 2020 por causa da pandemia, até o terceiro trimestre a empresa acumulou lucro líquido ajustado de R$ 7 milhões. “Não ficamos no prejuízo e com a reabertura das lojas conseguimos um resultado operacional de 30% na receita.”

O diretor financeiro explica que a comparação mais adequada é olhar o lucro líquido ajustado, que exclui da base de comparação um grande crédito tributário que inflou o resultado da companhia no último trimestre de 2019. Sem esse ajuste, o lucro líquido da varejista em 2020 foi de  R$ 25,8 milhões, um resultado 50,3% menor em relação a 2019.

E-commerce ganha força

Um dos pilares da companhia, que ganhou força em 2020 e que deve continuar este ano, é a grande capilaridade. Presente em mais de 100 cidades brasileiras com 260 lojas, a varejista fincou bandeira em 20 novos municípios no ano passado, a maioria de pequeno e médio portes. “Temos visto um grande interesse de franqueados em abrir lojas este ano em cidades menores. Estamos com pipeline bem aquecido, apesar de todas as dificuldades”, diz Tracanella.

A companhia ingressou no e-commerce em 2009, mas o grande salto, assim como no restante do varejo, aconteceu em 2020. No ano passado, a venda online respondeu por 8% do faturamento no quarto trimestre, uma fatia bem maior que no início do ano, quando não havia pandemia. No entanto, as vendas influenciadas digitalmente, isto é, que incluem as transações feitas por meio de redes sociais e são afetadas de forma digital, como mensagens de texto, WhatsApp e e-mail, por exemplo, responderam por 38% dos negócios no quarto trimestre de 2020, ante 8% em no mesmo período de 2019.

Wagner, acredita que essa tendência digital veio para ficar e diz que a companhia está cada vez mais antenada com os negócios online, implementando  a omnicanalidade (presença em vários canais, sejam eles online ou físicos), que permite uma grande confluência entre o mundo físico com o digital. Uma das ferramentas de engajamento do consumidor são os eventos virtuais, como corridas promovidas pela varejista. Além disso, no terceiro trimestre a empresa deve inaugurar uma loja de experiência no Shopping Iguatemi, em São Paulo, para conquistar o consumidor que procura uma vida mais saudável.